Já reparou que as crianças tem ficado muito doentes? Bebês já muito novinhos recebendo o diagnóstico de doenças alérgicas como dermatite atópica, alergias alimentares e alergias respiratórias. Sem falar nas infecções recorrentes, principalmente de vias aéreas superiores ( aquele narizinho que não para nunca de escorrer). Não é incomum ouvirmos falar de uma creche em que as crianças estão afastadas por síndrome mão- pé- boca ou por quadros gastrointestinais. E com isso, os pais ficam buscando algo para melhorar a imunidade das crianças. As redes sociais estão cheias de dicas de medicamentos “maravilhosos” que as crianças tomam e não ficam mais doentes. Mas será mesmo que isso é verdade?
A definição da condição imunológica da criança começa desde a gestação. Se os pais tem alergias, essa criança tem de 50-75% de chance de também desenvolver uma condição alérgica ao longo da primeira infância. Se durante a gestação a mãe passa por deficiência de micronutrientes, podem faltar substratos essenciais para a formação das primeiras respostas imunológicas da criança.
Existem 2 grandes determinantes em relação ao desenvolvimento de um sistema imunológico efetivo: o parto por via vaginal e o aleitamento materno. Pelo parto vaginal o bebê vai ser colonizado por um série de bactérias que vão ativar um reconhecimento imunológico, fortalecendo a microbiota desse bebê. O que é ainda reforçado pelo contato pele-a-pele na primeira hora de vida. E através do leite materno o bebê tem constantemente a colonização da microbiota intestinal e recebe anticorpos prontos contra diversas doenças a que a mãe foi exposta por contato direto ou pela vacinação, além de imunoglobulinas protetoras de mucosa, prevenindo as doenças diarreicas.
Em um segundo momento da vida, para ter um bom desempenho imunológico esse bebê precisa ter um bom aporte nutricional, recebendo uma variedade de alimentos saudáveis e a suplementação nutricional individualizada conforme as demandas de cada bebê. Nutrientes como ferro, zinco, vitamina A, vitamina D e ômega 3 são essenciais para a resposta imunológica efetiva. E de outro lado, seguindo a formação da microbiota que é a base do sistema imunológico é essencial que essa criança tenha contato com a natureza, que brinque ao ar livre, que pise na terra.
Não podemos esquecer que para diversas doenças temos vacinas. Esteja sempre atento ao calendário vacinal e se tiver possibilidade, amplie a cobertura vacinal pela rede privada incluindo vacinas como a pneumocócica 15 valente, meningocócica B e meningocócica ACWY.
Com essa base bem estabelecida, para algumas crianças podem ser sim necessárias algumas medicações específicas para reduzir a recorrência de infecções, principalmente os quadros respiratórios. Nesse quesito temos opções de probióticos, homeopatias, medicações naturais, aromoterapias… Mas esses precisam ser prescritos pelo pediatra de forma individualizada e direcionada para as necessidades de cada criança. Seja consciente, nunca medique a sua criança baseada em “dicas” de influencers ou vizinhos.